Abraça-me mais forte ainda

quinta-feira, janeiro 19, 2017

@photobyMarleneBarreto
Enquanto dormes na cama depois de já termos feito amor, apetece-me simplesmente contemplar-te. Percebo-te exausto depois de um dia de trabalho que certamente foi exigente. Mas agora dormes, dormes como um pequenino indefeso que apenas quis chegar ao seu ninho seguro. E estás nesse lugar, sem que ninguém te possa fazer mal. Passo-te a mão pelo rosto só para te sentir e tu, percebendo a minha presença, sorris, puxas-me para perto de ti e abraças-me forte. Fazes com que não exista qualquer distância entre nós. O teu abraço é tão forte que prende qualquer movimento que eu tente. Não consigo fugir. Mas também não quero. Não tenho para onde ir que não seja ficar aqui ao teu lado. Desejo viver em slow motion este momento para saborear em câmara lenta esta troca constante. Trocamos o calor dos nossos corpos nus, a respiração que suspira pelo mesmo, partilhamos carinhos e sonhos de uma vida cheia de sentido.
Estou de costas para ti, sabes que é dessa forma que gosto de ser abraçada enquanto dormimos. Mas pelos vistos já não tens sono. Estás desperto. Bem desperto, sinto-o. Pedes-me para me virar e olhar-te nos olhos. Olho-te com todo o meu amor. Neste momento, não os vejo, mas avaliando os teus, os meus olhos sorriem e dizem o quanto estou feliz por estar aqui.

 “Abraça-me mais forte ainda”, peço.

 E tu não hesitas. Inalo o teu cheiro como sendo a minha droga, a droga que me deturpa os sentidos do onde, do quando e do porquê.
Estás inquieto, eu estou inquieta … estamos prestes a fazer amor outra vez. As nossas almas transcendem e à medida que sinto o teu coração pulsar e o teu corpo suado de prazer, fico ainda mais excitada. Não consigo controlar e as lágrimas caem-me no rosto, são de felicidade.

”Não te preocupes, está tudo bem comigo, continua”, digo.

Sinto-me em unidade contigo e isso é esmagador.

“Abraça-me mais forte ainda se conseguires”, volto a pedir.

Tu tentas mas já não há intensidade física suficiente para a energia que os nossos corpos emanam. É místico, é mágico… Os teus olhos espelham-se nos meus. Toda a intensidade do momento exauriu-nos e por agora, só nos resta relaxar um pouco.
Levantas-te ainda nu e eu observo-te. Procuras atrás da moldura, que tem a nossa fotografia da Turquia, e pegas na garrafa de Whisky. Enquanto o líquido cai no copo, adoro a forma como intercalas o olhar entre mim e o que estás a fazer. O teu sorriso está rasgado. Estás feliz, eu sei.
Deitas-te ao meu lado e, juntos, nús, olhamos o teto. Temos um candeeiro enorme na frente ainda que o teto tivesse algum interesse.

“Somos parte um do outro, sabes disso?!”, oiço-te.

 Senti de imediato um arrepio vindo da lombar até ao pescoço.

“Bem sei”, respondo-te.

 Olhas para mim , sorris mais uma vez e interlaças o teu braço ao meu pescoço. A excitação passou, o orgasmo aconteceu mas o amor dilata-se neste quarto que se torna tão pequeno para nós. 


Ali.

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